quarta-feira, 17 de março de 2010

PROSA PATÉTICA

Nunca fui de ter inveja, mas de uns tempos pra cá tenho tido.
As mãos dadas dos amantes tem me tirado o sono.
Ontem, desejei com toda força ser a moça do supermercado,
Aquela que fala do namorado com tanta ternura.
Mesmo das brigas ando tendo inveja.

Meu vizinho gritando com a mulher, na casa cheia de crianças.
Sempre querendo, querendo.

Me disseram que solidão é sina e é pra sempre.

Confesso que gosto do espaço que é ser sozinho.

Essa extensão, largura, páramo, planura, planície, região.

No entanto, a soma das horas acorda sempre a lembrança

Do hálito quente do outro. A voz, o viço.

Hoje andei como louca, quis gritar com a solidão,

Expulsar de mim essa senhora ciumenta/

Madona sedenta de versos. Mas tive medo.

Medo de que ao sair levasse a imensidão onde me deito.

Ausência de espelhos que dissolve a falta, a fraqueza, a preguiça.

E me faz vento, pedra, desembocadura, abotoadura e silêncio.

Tive medo de perder o estado de verso e vácuo,

Onde tudo é grave e único. E me mantive quieta e muda.

E mais do que nunca tive inveja.

Invejei quem tem vida reta, quem não é poeta

Nem pensa essas coisas. Quem simplesmente ama e é amado.

E lê jornal domingo. Come pudim de leite e doce de abóbora.

A mulher que engravida porque gosta de criança.

Pra mim tudo encerra a gravidade prolixa das palavras: madrugada, mãe, ônibus, olhos, desabrocham em camadas de sentido.

E ressoam como gongos ou sinos de igreja em meus ouvidos.

Escorro entre palavras, como quem navega um barco sem remo.

Um fluxo de líquidos. Um côncavo silêncio.

Clarice diz que sua função é cuidar do mundo.

E eu, que não sou Clarice nem nada, fui mal forjada,

Não tenho bons modos nem berço.

Que escrevo num tempo onde tudo já foi falado, cantado, escrito.

O que o silêncio pode me dizer que já não tenha sido dito?

[Viviane Mosé]


Tudo isso para dizer que estou em pleno INFERNO ASTRAL e eu estou torcendo muito para que domingo chegue logo e leve ele para LONGEEEEEEEEE de mim!


Bjsss

5 comentários:

Freda Franchin disse...

O texto é maravilhoso, mas nunca se esqueça que antes só do que mal acompanhado!!
Td acontece na hora certa!
bjoss pra voce

Micha Descontrolada disse...

ai q lindo..e triste.
ja´cantava Renato Russo: "diga o que disserem, o mal do século é a solidão, cada um de nós imerso em sua própria arrogancia esperando por um pouco de afeição..."

/(,")\\
./_\\. Beijossssssssss
_| |_................

Freda Franchin disse...

Oie, não entendi seu comentário, fiquei super curiosa com o que vc quis dizer, tipo se eu ia ficar brava se fosse ele? Acho q to lerdinha hj flor, me explica??
bjosss

Mari disse...

Uhummm....

Será que eu convido você pra ler o novo blog??? Sei não viu rsrs

Me manda seu e-mail lindona.

Ah clarooo que vou almoçar ou badalar com vc qndo for ao Rio.

Beijoss

disse...

Muito lindo o texto ...Um pouco triste ...Espero que vc esteja bem ..Bjus